Uma noção sobre o funcionamento das sessões de análise e por que escolher a Psicanálise
- Raquel Marinho
- 24 de fev. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 27 de jul.
Talvez você nunca tenha feito sessões de análise ou terapia. Talvez tenha ouvido falar. Talvez imagine ser como aquelas de uma série ou um filme que viu. O que quero contar aqui são algumas poucas coisas que podem trazer uma noção sobre o funcionamento das sessões em Psicanálise.
Nelas, a regra fundamental é a "associação livre", que consiste em o paciente falar livremente, sem censura ou filtragem, tudo o que lhe vier à mente: pensamentos, sentimentos, imagens, sonhos, lembranças, mesmo que pareçam desimportantes ou incoerentes.
O objetivo é permitir que o inconsciente se manifeste; nesse processo cabe ao analista a escuta, tornando presente o que foi dito por meio de perguntas e intervenções, pontuações ou mesmo a interrupção da sessão. Mas se imagina que isso não é muito agradável, considerando que não é fácil escutar o próprio inconsciente, posso lhe dizer que Sigmund Freud, o fundador da Psicanálise, concordaria com você. Ele sabia que se tratava de um processo custoso e, por isso, gradual, realizado pouco a pouco. Mas por que, então, fazer uma análise e não outra forma de terapia?
O próprio Freud responderia: “Posso afirmar que o método analítico da psicoterapia [a Psicanálise] é aquele que tem o efeito mais profundo, a maior amplitude e através do qual se atinge a mais considerável modificação do paciente". Em outras palavras, porque é preciso acolher o que não deixa de se expressar em nossas vidas, numa espécie de repetição, de insistente questionamento do modo como lidamos com nossas relações, pensamentos e afetos. É escutando esse saber inconsciente e, progressivamente, familiarizando-se com ele, que o processo vai se tornando libertador, na perspectiva de que aquilo, sentido como difícil, vai se transformando em algo proveitoso em nossa existência.
Em outras palavras, ao analista não cabe apenas acolher o paciente, mas também conduzi-lo em um processo de elaboração das questões e do sofrimento. Mais uma vez, como explica Freud: “Quando o analista, por exemplo, de dentro da imensidão de seu coração solícito, concede ao paciente tudo que uma pessoa pode esperar do outro, ele estará cometendo o mesmo erro econômico em que incorrem as nossas instituições de cura não analíticas. Elas nada mais buscam que tornar a estada do [paciente] o mais agradável possível, para que ele se sinta bem ali e possa retornar àquele lugar como a um refúgio para todas as situações difíceis da vida. Fazendo isso, elas abdicam de torná-lo mais forte para a vida e mais capacitado para as suas verdadeiras tarefas”.

(Imagem: acervo pessoal)
Agora, caso queira saber mais sobre o funcionamento de uma análise, acesse a seção de artigos "Testemunhos na Mídia", onde artistas, psicanalistas e outros compartilham suas experiências pessoais com a Psicanálise.