A adolescência como referência clínica
- Raquel Marinho
- 26 de fev. de 2024
- 1 min de leitura
Atualizado: 27 de jul.
Meu primeiro trabalho como psicóloga envolvia o atendimento de adolescentes – público com o qual não havia trabalhado durante a graduação. O interesse não apenas foi imediato, como duradouro, conduzindo-me ao mestrado e doutorado.

(Fonte da imagem: midia do WIX)
Os adolescentes são os mais sensíveis às mudanças na ordem simbólica, quer dizer, às mudanças nas nossas formas de socialização, de estarmos na vida e no mundo. A chegada da puberdade os confronta com um vazio de sentido, visto que a ideia que tinham de si mesmos, construída durante a infância, junto aos pais e àqueles que cuidaram deles, revela-se incapaz de responder ao que se passa a experimentar com o crescimento corporal.
Até que consigam construir novas representações de si mesmos, os adolescentes ficam em certa medida desamparados, sem um amparo claro diante das exigências da cultura, que se impõem como palavras de ordem: “seja assim!”, “faça assado!”. E os sofrimentos e sintomas que daí decorrem costumam revelar impasses mais gerais dos sujeitos diante do modo de funcionamento do mundo atual.
Escutá-los em análise, portanto, não é apenas uma maneira de ajudá-los a atravessar esse período – o que é fundamental –, mas também de aprender muito sobre a clínica contemporânea.