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A condição estrangeira

  • Foto do escritor: Raquel Marinho
    Raquel Marinho
  • 2 de mar. de 2024
  • 2 min de leitura

Atualizado: 29 de jan.


Viver em uma língua estrangeira pode ser desejável, mas, ainda assim, não é simples. Dependendo do país, da distância cultural e climática que ele possui do Brasil, o sentimento de estranheza se fará inevitavelmente presente. Passei por isso algumas vezes e digo que até atividades banais tornam-se novas: o uso de códigos de entrada no lugar de chaves, o fogão elétrico e seus sensores, bem diferentes do fogão a gás com seus botões, e a substituição da roupa leve por camadas de peças térmicas, casaco, cachecol e touca. Até as embalagens no supermercado eram um desafio, que me fazia demorar nas prateleiras e atrair olhares desconfiados dos vigias de corredor.

 

Nessas horas de tamanha estranheza, é essencial contar com a possibilidade de falar sobre a experiência, a fim de elaborar os sentimentos. É importante, com a ajuda de alguém, localizar as pequenas conquistas e possibilidades, para que a angústia não tome conta de tudo e para que seja possível avançar na relação com a outra língua.


Imagem da escrita de diversas línguas


























(Fonte da imagem: arquivo pessoal/foto feita no The Design Museum)


A propósito, é possível fazer uma analogia entre a própria análise e a experiência da língua estrangeira. Afinal, o que é o inconsciente, senão aquilo que se manifesta em nós expressando-se de maneira diferente do que pretendíamos? E como é, processualmente, ir acolhendo o que o inconsciente diz, servindo-se do que ele nos faz saber, mesmo que nem sempre de forma fácil, mesmo que nos tirando da tranquilidade?


Enfim, se você é um brasileiro no estrangeiro e sente a necessidade de fazer uma análise, não hesite em buscá-la. Ela vai te ajudar a explorar o momento que está vivendo, podendo, inclusive, revelar grandes riquezas.

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