Adolescentes e seus pais
- Raquel Marinho
- 29 de fev. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 29 de jan.
Conhece o filme “A ostra e o vento”, de Walter Lima Júnior? É a história de uma menina, Marcela (Leandra Leal), vivendo com seu pai, o faroleiro José (Lima Duarte), isolados em uma ilha. Ao crescer, menstruar e tornar-se uma adolescente, passa a desejar o alcance do continente, a possibilidade de ultrapassagem dos limites das relações que tinha com Daniel (Fernando Torres) - um ajudante de José -, e com os poucos marinheiros que, de tempos em tempos, desembarcavam para abastecê-los com utensílios e mantimentos.

(Fonte da imagem: https://redeglobo.globo.com/novidades/filmes/noticia/2011/06/sessao-brasil-leandra-leal-esta-no-drama-premiado-ostra-e-o-vento.html)
Marcela vive, porém, uma situação difícil. Por um lado, não conta com o consentimento de seu pai quanto ao seu crescimento. Por outro, perde a companhia de Daniel, aquele que acolhia sua transformação como um "sinal de vida". Ele, após uma discussão com José, decide deixar a ilha.
Trago esse comentário para ilustrar o que já mencionei outras vezes aqui no site: o adolescente vive um momento de vacilação na ideia que, até então, fizera de si mesmo, construída na infância junto aos pais e educadores. Por isso, atravessa uma fase delicada, marcada por muitas dúvidas, preocupações, angústia e embaraço,
Mas se essa fase e o que ela comporta de mudança impõem um certo luto, um desprendimento de algo que não é mais como era, tanto para os adolescentes quanto para seus pais – como bem mostra o filme –, também abre a via para a invenção do novo. Por isso, é fundamental contar com espaços de fala, expressão e troca ou, mais precisamente, espaços de confiança para compartilhar a experiência.
Se você é adolescente, pai ou mãe de adolescente, e está sofrendo, pode procurar uma análise, pode dar-se o tempo e o espaço para a elaboração desse momento.